terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Medo Tambem Mata


Atribuem-me sofisticação de que não dou conta.
Sei que a diferença me atrai, o déjà-vu evito, que o bonito – objectos, momentos e íntimo das pessoas – me cai no colo sem mérito próprio que vislumbre.
No meio deste limbo bem-aventurado, foge-me o pé para a chinela plebeia a que sempre pertenci.
Um reparo – ultimamente, é o meu pé que avança e a chinela fica; a vetusta calçada portuguesa separa os cubos calcários com areia feita íman para os afilados saltos do Manolo Blahnik que me endoudam.

O preâmbulo sugere predilecção pela excelência das praias dos arrabaldes lisboetas: Tamariz, Guincho, das Maçãs ou Azenhas.
Mas não.
Horas numa delas e os “Olá, tá bem?” são mais frequentes que os desmaios das ondas. Bani-as. As praias, claro!
Uso alguma da minha liberdade na gestão de tempo e horários para fugas simplórias: Costa da Caparica, maila a poeira e a chapelada afável do vigilante do parque.
Um querido!

Tendo-me como intuitiva ao fashion, a moda dos arrastões não previ.
Aumentei o meu despojamento banhista, mas desistir, nunca! Com uma gaze compridona num rosa de perdição simulei tapar o revelado, top mínimo e havaianas.
Mais despojada, só nua mesmo!

Aos pertences acresci livro de que darei notícia, euros curtos, toalha anónima, óculos Gucci que imitam na perfeição os falsos.
Uma mulher pode ceder, mas há mínimos a cumprir...

Três horas mal medidas pela inclinação solar, bem passada de um lado, quase tão bem do outro, livro e mergulhos intervalados e emoções escaldantes nem uma!

Jovens de raças várias, jogatinas, Vs arrastando-se em postura de gorila, afagos enamorados como glória aos céus, enfim, o costumado.

Li, abandonei cada interstício à lascívia morna do mar, abri-me aos UV e IV e mandei às malvas prevenções.

O medo também mata.

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