sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Poema para fim-de-semana



Quantos na minha vida corpos conheci?


Uns de passagem,
outros repetidos,
outros demorados

a ponto de não querer já conhecê-los ou
conhecê-los fazer que mais agudamente
a outros desejasse.

É incrível se se pensa.
E às vezes descendência de primeiros poderá ter sido.
Que me deixaram? Uma ciência inútil,
tão doce e tão amarga, de saber de mais
como corpos se entregam ou se negam.
Que deixei neles?
Uma ciência? Culpa?
Uma memória cínica? Saudade?
Ou quando se recordam do amor feito
algum estranho vazio a persegui-los
mais vazio se torna e de vazio estranho?

É isto o conhecer sem nome e sem conversa
em que se estendem corpos antes que o pensar
transforme o amor que é feito
no amor que se apaixona.

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