sexta-feira, 6 de junho de 2008

RACISMO


Como seria de esperar e os últimos desenvolvimentos confirmam, as Presidenciais americanas de Novembro vão agitar o espantalho racial, e cada vez me convenço mais que a questão pode tornar-se determinante para o desfecho do resultado. Essencialmente por duas razões: há demasiados afro-americanos que não se conformam com o facto de Obama não se assumir como o candidato deles (o caso do pastor Wright é um bom exemplo), e outros pretendem que o senador do Illinois passe por ser o candidato dos afro-americanos, ou sobretudo dos afro-americanos, pois sabem que os afro-americanos, sendo minoria, não bastam para o eleger. (O facto de Hillary Clinton ainda há pouco ter dito que tem o apoio dos white americans certamente que não foi por acaso.) Ou muito me engano, ou não tarda que a questão racial transborde das candidaturas e se generalize à sociedade americana, coisa que, a suceder, poderá tornar-se explosivo. É que eu estou convencido de que uma discussão destas numa altura destas servirá, apenas, para entrincheirar ainda mais quem já está entrincheirado, e não para esbater racismos latentes (ou reprimidos), como seria desejável. Contrariamente ao que possa parecer, o racismo, na América, está demasiado vivo para que o possamos subestimar, e agitá-lo numa altura destas, além de irresponsável, é perigoso. Infelizmente, a questão é mais complexa do que aponta Ferreira Fernandes, quando diz, com razão, que há demasiados «negócios» que dependem da América racista (como o do pastor Wright, por exemplo). É que os «negócios» alimentam, apenas, a freguesia habitual, e o «mercado» de que falo é muito mais vasto — e mais perigoso.
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